Um
dia após a data em que se comemora a Abolição da Escravatura no Brasil,
13 de maio, o senador Paulo Paim lembrou em plenário, nesta
segunda-feira (14/05), a importância, a coragem e o massacre do grupo
de escravos conhecido como Lanceiros Negros, que tiveram participação
destacada na Revolução Farroupilha, que movimentou o Rio Grande do Sul
ainda durante o Império. O batalhão, formado exclusivamente por negros
cuja única arma eram lanças, foi massacrado em 14 de novembro de 1844,
num episódio histórico que ficou conhecido como “A Surpresa dos Porongos” – hoje município de Pinheiro Machado.
A
Revolução Farroupilha começou em 1835 prometendo dar liberdade aos
escravos que lutassem a seu favor. Segundo Paim, o batalhão dos
lanceiros compôs o verdadeiro grupamento de heróis da Guerra dos
Farrapos. “Lembro aqui que nós, brasileiros, não sabemos sequer o nome
dos lanceiros negros”, lamentou.
“No
final de 1844, já há 9 anos em guerra, a província desgastada, a
guerra parecia perdida. Com o intuito de dar um fim ao conflito, na
madrugada de 14 de novembro, foi dada a ordem pelo poder imperial para
que tirassem as armas dos escravos negros. O argumento era o medo de
que esses se rebelassem, exigindo o fim da escravidão. Assim, por volta
das duas horas da madrugada, as tropas imperiais entraram no campo de
Porongos e o corpo dos lanceiros negros, desprotegido, foi então
dizimado”, recordou.
O
senador gaúcho aproveitou também a “comemoração” da abolição para
lembrar que, embora muito esperada e comemorada com alegria, a
libertação dos escravos não foi capaz de por fim de fato à escravidão.
“Nós estamos vivendo, há 124 anos, a abolição da escravatura não
conclusa, tanto que o Supremo Tribunal Federal somente agora, agora,
nos últimos dias, aprovou a possibilidade de os negros terem direito a
quotas para chegarem a uma universidade. Passados 124 anos, nossa
realidade mostra que a população negra continua sofrendo as
consequências da escravidão”, disse.
Munido
de dados de pesquisas, Paim argumentou que ainda é forte a chamada
“discriminação racial na sociedade brasileira”. Segundo ele, essa
discriminação é o que determina diferentes padrões de atendimento e
tratamento, por exemplo, de saúde, educação e segurança da população
negra.
“O risco de morte por desnutrição é, por exemplo, para o negro, 90% maior do que para aqueles que não são negros. Fonte: Ministério da Saúde. A chance de morrer por tuberculose entre adultos é 70% maior do que para aqueles que não são negros. A Organização Mundial da Saúde recomenda, no mínimo, seis consultas de pré-natal. Pois bem. As estatísticas mostram que o índice de mulheres que passam por mais de seis consultas no pré-natal é de 62% entre mães de nascidos vivos que não são negros e de apenas 37% entre as mulheres negras. Ou seja, 62% de mulheres que não são negras fazem os exames seis vezes e as mulheres negras, 37%, praticamente a metade.
A mortalidade de crianças negras até o quinto ano de vida é de 36 por mil, diminuindo para 28 por mil se se tratar de crianças que não são negras”, relatou.
“O risco de morte por desnutrição é, por exemplo, para o negro, 90% maior do que para aqueles que não são negros. Fonte: Ministério da Saúde. A chance de morrer por tuberculose entre adultos é 70% maior do que para aqueles que não são negros. A Organização Mundial da Saúde recomenda, no mínimo, seis consultas de pré-natal. Pois bem. As estatísticas mostram que o índice de mulheres que passam por mais de seis consultas no pré-natal é de 62% entre mães de nascidos vivos que não são negros e de apenas 37% entre as mulheres negras. Ou seja, 62% de mulheres que não são negras fazem os exames seis vezes e as mulheres negras, 37%, praticamente a metade.
A mortalidade de crianças negras até o quinto ano de vida é de 36 por mil, diminuindo para 28 por mil se se tratar de crianças que não são negras”, relatou.
E
concluiu, afirmando que, mesmo passados 124 anos da Abolição, a taxa
de pobreza entre negros é bem mais alta que entre aqueles que não são
negros. A diferença também vale para a taxa de analfabetismo no Brasil,
que é 50% maior entre os negros.
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